Integração

São Paulo: A cidade da correria, do povo que busca o pão de cada dia.


Marcada pelo contraste cultural e social, de uma história quase esquecida. 

Pátio do colégio
    No dia 26 de setembro, nós “nupsianos” junto aos alunos do professor Edinilson Quarenta da Escola Estadual Mario Rangel, fomos visitar o centro histórico da cidade, com o objetivo de conhecer a história de nossa metrópole.
Fomos à plena segunda-feira caminhar e observar o centro, não como paulistanos, mas como turistas. Um lugar que retrata toda grande diversidade cultural e social que nos rodeia, e por meio da história compreender e reler a estrutura da sociedade paulistana.
Catedral da Sé


       Iniciamos a visita no Pátio do Colégio. A primeira construção de São Paulo abrigava grupos de padres como José de Anchieta e Manoel da Nóbrega. Escalavam a serra do mar em busca de um local de seguro para habitar, e fazer a missão catequizadora proposta pela corte. Atualmente o Pátio do Colégio não conta apenas a história da fundação. Além de sua estrutura, ao redor do pátio podemos observar as marcas de diferentes épocas e diferentes movimentos artísticos que aos poucos montaram a história da terceira maior metrópole do mundo.


      Ao longo do dia visitamos a Catedral da Sé, Viaduto Santa Ifigênia, Vale do Anhangabaú, Praça Ramos, Prédio do Banespa, Mosteiro de Santo Bento e a Galeria do Rock. E além de adquirirmos experiências culturais, compartilhamos nossas diferentes vivências. Afinal os alunos da escola Mario Rangel moram em uma região de difícil acesso para o centro, o bairro Capão Redondo localizado na extrema zona sul de São Paulo.

    Terminamos o passeio motivados a organizar passeios culturais pela grande metrópole com diferentes escolas, com o intuito de promover e compartilhar cultura.


Danielle Alves



Monte Azul



No último dia três, nós alunos da Lourenço Castanho rompemos barreiras mais uma vez e fomos a campo para conhecer novas pessoas, uma nova realidade. Visitamos um Centro Cultural, localizado na periferia da cidade, um bairro chamado Monte Azul. A começar pelo caminho, absolutamente diferente para a grande maioria, o dia foi marcado por diversas surpresas muito agradáveis e experiências inesquecíveis.
            O NUPS tem como objetivo promover a sociabilização entre os mais variados tipos de pessoas, em especial, levando os alunos do nosso colégio a entrar em contato com todos os tipos de diferenças. A proposta de visita, feita pelo professor Ednílson Quarenta, que leciona História para o segundo ano do ensino médio, foi prontamente aceita pelo professor coordenador do nosso projeto Tiago Ferreira, que imediatamente mobilizou a escola para que tudo corresse bem. O objetivo foi: alunos da Lourenço passam uma tarde num encontro com a Arte e com os alunos da Escola Estadual Mário Rangel, onde o professor Ed (assim Ednílson é chamado por nós aqui no ensino médio) também dá aulas, selecionou dez de seus melhores alunos para viverem estes momentos.            Um projeto tão bem arranjado não poderia dar em outra coisa. Foi um sucesso. A tarde foi mais produtiva do que esperávamos. Ao chegar, fomos surpreendidos por um ambiente educador, com a essência do que há de mais belo: o prazer de ensinar e aprender. Apesar de simples e humilde, o que não falta naquele Centro é foça de vontade e criatividade. Com um projeto educador de jovens e adultos, aquela unidade recebe crianças de nove a treze anos, ensinando-as desde música, até artesanatos e pinturas.           


A atividade consistiu em uma análise do quadro Guernica, de Pablo Picasso, seguida de discussões sobre o mesmo, além de dois tipos de releituras: uma imediata, feita com crayon por cada um dos grupos, formados de forma mista entre alunos Lourenço e Rangel, que ali não recebiam qualquer diferenciação. A segunda, feita um ambiente inspirador (o anfiteatro do local, também usado para dar oficinas de pintura às terças-feiras pela noite), fizemos uma “versão feliz” do quadro, em grandes dimensões, desenhada pelos professores do anfiteatro com carvão. A pintura, muito colorida e misturada, foi um sucesso. Com um trabalho em equipe realizado com facilidade por todo o grupo, o resultado final foi um lindo e contente quadro, que será finalizado pela equipe do local. O trabalho fluiu ao som do piano por Mariana Carvalho, que animou o grupo, e a aluna Maria Elisa Savaget, que dançou ballet ao som feito pela colega. Além da pintura, cantamos e nos divertimos muito juntos, deixando de lado qualquer espaço imposto pela sociedade, até mesmo pelo lugar onde moramos ou pela posição social.      
      Atividades como esta tem várias faces que podem ser exploradas. Existe o a nossa face, que é a de conhecer uma nova realidade, diferente do ciclo que frequentamos, abrindo o olhar e a mente para perceber que o mundo não se restringe ao nosso próprio bairro ou às nossas atividades rotineiras. A dos alunos do Mário Rangel, que quebraram muitos estereótipos e tiveram mais contato com a arte, tendo a formação de um olhar crítico a partir de um quadro, direcionado por uma equipe de profissionais que também tem a sua face, que é a de conhecer pessoas interessadas em conhecer, independente do que ou onde vivem. Pessoas que tiveram em uma tarde uma experiência que muitas outras levam anos para viver. E como não bastasse todos os benefícios pessoais que tivemos, proporcionando crescimento próprio, ainda tivemos um lindo quadro de resultado, que em breve estará em exposição no nosso colégio.

Itamize Oliveira





Eu Voto Distrital


     Na grande cidade de São Paulo encontra-se grande diversidade. Tanto em quantidade, quanto em qualidade. Em algumas ocasiões, a diversidade típica dessa grande metrópole é o que a enriquece, mas em outras, é o que faz dela uma cidade motivo de vergonha aos seus moradores que tem consciência do que é ter uma vida digna.

Presença da Banca no Evento.
   Mas o assunto de tal texto é mais do que exibir de forma clichê a tão conhecida e pouco discutida desigualdade em São Paulo. Pretendemos mostrar que isto não é, para muitos, motivo de desistir, muito menos de deixar os sonhos morrem, ou a arte morrer.         
    Talvez, não seja de conhecimento geral que existem talentos riquíssimos dentro das favelas da nossa cidade, que julgamos conhecer tão bem. Muitos enchem peito a dizer sobre o amor à cidade. Mas ama de verdade aquele que luta para que ela seja a ideal, invejada, desejada e copiada por seus bons exemplos.

            É este tipo de disposição, de mudar toda uma realidade, que encontramos em muitos moradores de bairros humildes da zona sul, como Jardim Ângela, Jardim Nakamura, Jardim Kangohara, Jardim Bolônia, e tantos outros. Certamente, ao tentar ler estes nomes em voz alta, eles viraram trava-línguas. Não se assuste, acontece com quem nunca os pronunciou ou ouviu falar de sua existência.
          O fato é que lá se encontram jovens usando a arte de rua, rap, hip hop e grafite, para encontrar suas origens, entender de onde vieram seus pais, já que seus sobrenomes não ajudam nessa parte. E é por meio disso tudo que eles aprendem a rimar, fazer poesia e buscar sobre o seu passado.

Intervenção artística
           No último dia 20 de agosto, integrantes do NUPS (Núcleo de Projetos Sociais) da Escola Lourenço Castanho, participaram de um evento, promovido e organizado pelo projeto Eu Voto Distrital em parceria com o projeto A Banca, que é um centro cultural de incentivo aos jovens, localizado também no Jardim Ângela.
             O projeto Eu Voto Distrital consiste em juntar um número mínimo de assinaturas para receber o direito de ser votado no Congresso. E o seu objetivo é fazer com que os nossos votos diretos sejam para eleger, além de prefeitos e vereadores, representantes por distritos. Estes teriam diferentes obrigações das práticas que vemos nos dias de hoje. Uma de suas obrigações seria ter uma sede ou morar no distrito (o que chamamos hoje de bairro) em que foi eleito. Assim, seria mais próximo da população que o colocou no cargo de representação, veria mais de perto os problemas que precisam ser resolvidos com mais urgência e a proximidade com o próprio povo seria maior, para efeito de eventuais cobranças, e por que não, agradecimentos.

            Então, quem lê esta proposta pergunta: “E qual é a necessidade de haver um representante em cada bairro? Tantos políticos espalhados por esse país, roubando o nosso dinheiro, e querem colocar mais?”. E a resposta é sim. Isso se faz necessário para quem faz o mesmo e não recebe nada em troca, por meio de infraestrutura em transporte público, saúde, educação, segurança e tantos outros fatores dos quais dependem para viver.


            E a arte, mencionada no início do texto, veio impressionar todos os que estavam ali, apoiando este projeto. Rappers e grafiteiros se reuniram na fria tarde de domingo para defender a causa de seus bairros por meio de seus improvisos em versos, cantados ao ar livre, e os desenhos elaborados e coloridos nos muros da Praça Polos da Paz. O resultado foi a interação entre diferentes classes, hábitos e o principal: pessoas.
            Ser diferente faz a diferença onde a própria diferença é o problema.  

Itamize Oliveira