sexta-feira, 18 de maio de 2012

Detecção Massiva 2012

Capacitação - Colégio Marista Arquidiocesano

      Nós do NUPS, tendo iniciado a parceria com a ONG “Um Teto Para Meu País” em 2010, participamos de nossa quarta ação conjunta no último dia 31 de março: a enquete massiva. O posicionamento da ONG nas comunidades se inicia com a enquete, em um dia de entrevistas e conversas com famílias e anotação de dados. Posteriormente, os representantes do próprio “Teto” analisam esses dados e estabelecem quem, dentro de tanta precariedade, precisa mais de uma casa de dezoito metros quadrados. Além disso, a enquete é uma oportunidade de entrar na comunidade como ela realmente é: sem a ONG nunca ter tido uma ação “formal” – e daí aparecem olhares desconfiados -, sem a promessa de uma casa, sem a euforia da construção que já tem um objetivo traçado e de certa forma sistemático. É a chance de poder entrar na casa dessas pessoas as quais não fazemos ideia de quem são, mas que com certeza estão presentes no dia-a-dia: peões de construção, pintores, garçons, porteiros... Penetrar em uma realidade que é tão distante e ao mesmo tempo tão próxima.
        No dia 31, chegamos às 7h no colégio Marista Arquidiocesano. Lá estando, participamos da capacitação para a enquete, que consiste basicamente em uma explicação básica da atividade e nos dá algumas dicas de como fazer perguntas mais íntimas e delicadas, sem tomar um caráter invasivo.


Entrada da Comunidade
 

         Logo após a formação, as escolas que participavam da ação foram divididas nas comunidades de atuação: o Lourenço foi para a Vila Nova Esperança. No ônibus, seguindo nosso caminho, recebemos maiores informações sobre a comunidade que a deram caráter único: ela está localizada entre um parque de preservação das poucas áreas com remanescentes de Mata Atlântica de São Paulo.

 
 
    Por mais dolorido que seja admitir, a Vila Nova Esperança é um dos lugares que tem melhor condição, dentre as comunidades que o NUPS já conheceu. Era raro encontrarmos barracos de madeira e isso até dificultava a aplicação das enquetes, já que a maioria das casas podia ser considerada “boa”, se comparadas a outros lugares. De qualquer jeito, essa constatação em si já nos faz refletir: “se uma casa de vinte metros quadrados é boa, como será a ruim?”. E, mesmo assim, quantas pessoas ainda vivem em condições de extrema miséria. Ainda há muito que lutar, mas se não fizermos nada, será uma eterna e longa luta que não progride.



    Pela condição da comunidade, conseguimos terminar a aplicação das enquetes rapidamente, e isso por um lado foi positivo, porque conseguimos conhecer lugares e pessoas com mais calma e sem a precisão das enquetes. Na rama de personagens, quem se destacou foi Lia, líder comunitária da Vila Nova Esperança. Uma figura contagiante, que lutou e segue lutando com unhas e dentes pelo bem comum. Dentre os assuntos discutidos com ela, estava a problemática que ronda o lugar: por ser uma
área de preservação ambiental, a comunidade sofre constantes ameaças de despejo. Mas, do outro lado, existem condomínios de luxo no meio da mata que não parecem ser tocados por ações truculentas do governo. A luta de Lia é em favor da vida em comunidade e dos direitos de quem é excluído.

 



       A enquete massiva é o primeiro passo do ciclo Teto (que depois passa pela construção e pintura das casas) e é muito importante para enxergar a comunidade sem a ONG nunca ter intervindo lá. São muitas observações e sentimentos que nos tocam e fazem pensar que é preciso mudança. É preciso menos segregação, mais comunicação, mais interação, mais oportunidade. Do contrário, seguiremos assim, num regime que trata como humanos só quem convém ser tratado: os poderosos.

Maria Elisa Savaget
Equipe Nups





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