terça-feira, 29 de maio de 2012

Rumo ao Centro


   Na última sexta-feira, dia 25, nós do NUPS tivemos um “respiro” das nossas atividades corriqueiras... Abandonamos os planejamentos, projetos e discussões por um dia e fomos passear pelo centro de São Paulo. Passear, porque não tínhamos rumo ou destino definidos. Cada rua da cidade apresenta material essencial para o núcleo: mistura. Buscávamos motivação, algo que nos instigasse a produzir e concretizasse o que temos discutido durante o semestre. Transgressões, contradição, pixo! Observar de perto e atentamente o que persiste, indiferente à multidão frenética. Ler os muros. Cada muro. O centro é magnético: atrai de tudo e todos! Um palco de encontros, empilhado de épocas, gêneros, cores e cheiros!

   Cheiro de comida... Almoçamos no Estadão e de lá nos separamos em grupos e nos espalhamos. Alguns foram para a Estação e parque da Luz, outros para a Sé ou Galeria do Rock. Eu, paulista, depois de dezessete anos, conheci o Copan. Lapsos à parte, foi meio emocionante finalmente vê-lo... E ainda subimos na varanda, com direito a uma vista panorâmica de Sampa!

   Mais tarde, paramos para assistir um show sertanejo de um tal de Fabiano Martins e seu dançarino contemporâneo, um tanto quanto, err... inusitado. Filmávamos a tal manifestação artística quando, do nada, chegou a polícia para acabar com a festa... Acho que o Fabiano não podia vender os CDs dele (ou quem sabe o dançarino havia exagerado? Muita arte, vai saber...) A população até ensaiou um “Libera, libera!”, mas já era hora de nos reunirmos novamente, na frente do Teatro Municipal, para compartilhar nossas observações, descobertas e fotos. Altas fotos!

   Após o “respiro”, exaustos e presos pelo trânsito de São Paulo, ainda comentávamos as cenas que havíamos presenciado (e a musiquinha do Fabiano não saía da cabeça de ninguém!). A excursão traduziu as ideias partilhadas com a Banca, de arte como transgressão e polemica; exemplificou diversas situações sociais de contradição, discutidas no NUPS, e ajudou na integração dos membros do núcleo, entre si e com a cidade. Além de ter sido uma ótima oportunidade para todos nós “flanarmos” pela cidade por algumas horas.

Julia Ribeiro

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Detecção Massiva 2012

Capacitação - Colégio Marista Arquidiocesano

      Nós do NUPS, tendo iniciado a parceria com a ONG “Um Teto Para Meu País” em 2010, participamos de nossa quarta ação conjunta no último dia 31 de março: a enquete massiva. O posicionamento da ONG nas comunidades se inicia com a enquete, em um dia de entrevistas e conversas com famílias e anotação de dados. Posteriormente, os representantes do próprio “Teto” analisam esses dados e estabelecem quem, dentro de tanta precariedade, precisa mais de uma casa de dezoito metros quadrados. Além disso, a enquete é uma oportunidade de entrar na comunidade como ela realmente é: sem a ONG nunca ter tido uma ação “formal” – e daí aparecem olhares desconfiados -, sem a promessa de uma casa, sem a euforia da construção que já tem um objetivo traçado e de certa forma sistemático. É a chance de poder entrar na casa dessas pessoas as quais não fazemos ideia de quem são, mas que com certeza estão presentes no dia-a-dia: peões de construção, pintores, garçons, porteiros... Penetrar em uma realidade que é tão distante e ao mesmo tempo tão próxima.
        No dia 31, chegamos às 7h no colégio Marista Arquidiocesano. Lá estando, participamos da capacitação para a enquete, que consiste basicamente em uma explicação básica da atividade e nos dá algumas dicas de como fazer perguntas mais íntimas e delicadas, sem tomar um caráter invasivo.


Entrada da Comunidade
 

         Logo após a formação, as escolas que participavam da ação foram divididas nas comunidades de atuação: o Lourenço foi para a Vila Nova Esperança. No ônibus, seguindo nosso caminho, recebemos maiores informações sobre a comunidade que a deram caráter único: ela está localizada entre um parque de preservação das poucas áreas com remanescentes de Mata Atlântica de São Paulo.

 
 
    Por mais dolorido que seja admitir, a Vila Nova Esperança é um dos lugares que tem melhor condição, dentre as comunidades que o NUPS já conheceu. Era raro encontrarmos barracos de madeira e isso até dificultava a aplicação das enquetes, já que a maioria das casas podia ser considerada “boa”, se comparadas a outros lugares. De qualquer jeito, essa constatação em si já nos faz refletir: “se uma casa de vinte metros quadrados é boa, como será a ruim?”. E, mesmo assim, quantas pessoas ainda vivem em condições de extrema miséria. Ainda há muito que lutar, mas se não fizermos nada, será uma eterna e longa luta que não progride.



    Pela condição da comunidade, conseguimos terminar a aplicação das enquetes rapidamente, e isso por um lado foi positivo, porque conseguimos conhecer lugares e pessoas com mais calma e sem a precisão das enquetes. Na rama de personagens, quem se destacou foi Lia, líder comunitária da Vila Nova Esperança. Uma figura contagiante, que lutou e segue lutando com unhas e dentes pelo bem comum. Dentre os assuntos discutidos com ela, estava a problemática que ronda o lugar: por ser uma
área de preservação ambiental, a comunidade sofre constantes ameaças de despejo. Mas, do outro lado, existem condomínios de luxo no meio da mata que não parecem ser tocados por ações truculentas do governo. A luta de Lia é em favor da vida em comunidade e dos direitos de quem é excluído.

 



       A enquete massiva é o primeiro passo do ciclo Teto (que depois passa pela construção e pintura das casas) e é muito importante para enxergar a comunidade sem a ONG nunca ter intervindo lá. São muitas observações e sentimentos que nos tocam e fazem pensar que é preciso mudança. É preciso menos segregação, mais comunicação, mais interação, mais oportunidade. Do contrário, seguiremos assim, num regime que trata como humanos só quem convém ser tratado: os poderosos.

Maria Elisa Savaget
Equipe Nups





"O Rugby é um esporte de brutos jogado por cavalheiros".

     Desde 2010 existe uma parceria entre o NUPS e o Instituto Rugby Para Todos, no intuito de realizar trocas entre jovens por meio do esporte.


A ida à Paraisópolis.



Campo do Palmeirinha
 
    19/04/2012, quinta-feira. Bate o sinal e os alunos tem apenas 20 minutos para engolir algo e partir para o treino no Campo do Palmeirinha.
    13h25, o professor André Hulle já espera os cinco atletas que vão à Paraisópolis. Como sempre, se gasta meia hora de treino no percurso Lourenço - Paraisópolis.
    14h00, o grupo chega ao seu destino e trabalho começa. Por chegarem atrasados, os alunos recebem a penitência de dar duas voltas no campo antes de treinar. Fora isso, aguentam a “zoação” dos atletas que já começaram o treino.



Início do aquecimento
 

  Tackles, passes, flexões, tiros curtos e conversa. O esporte é tudo isso e mais um pouco. O Rugby apesar de ser um esporte de forte contato, também passa muitos valores aos que jogam, assistem e arbitram. Diz-se que no Rugby existem cinco ensinamentos: integridade, paixão, respeito, solidariedade e disciplina. Nos treinos esses valores nunca são esquecidos e é nesse ponto que o Rugby se destaca como esporte de fácil integração.



 

   Além dessa filosofia, o esporte também permite que qualquer um o pratique. A primeira vista só os brutos e grandalhões podem jogá-lo, mas os magrelos e pequenos também tem sua importância. Assim o esporte se torna completo em todos os sentidos.
 

Espaço para reuniões
    Um, dois, três, Leões! Terminado o treino, uma roda é formada por todos os atletas e o nome do time é gritado. Isso dá início ao que chamamos de terceiro tempo, que consiste na reunião dos que jogaram para conversar sobre os lances e comemorar o jogo. Nesse tempo extra, a rivalidade é esquecida e o espírito de camaradagem é o que  importa.
    No Campo do Palmeirinha não é diferente. Ao final do treino é feito um lanche, no qual todos participam justamente para conversar e trocar experiências. Parte fundamental não só para o esporte, mas também para o objetivo do projeto social desenvolvido.


André Nejme
Equipe Nups